A greve dos professores da rede municipal de Belo Horizonte afeta 86% das escolas da capital nesta segunda-feira (9 de junho). Segundo balanço da Secretaria Municipal de Educação, das 324 instituições, apenas 45 funcionam normalmente. Entre as demais, 248 tiveram parte das aulas canceladas, e outras 31 estão totalmente fechadas. A paralisação ocorre por tempo indeterminado, após a categoria rejeitar o reajuste salarial de 2,49% proposto pela prefeitura — alegando que o percentual está abaixo da inflação e do Piso Nacional do Magistério.
Entre as principais demandas dos professores estão: a recomposição salarial conforme o piso nacional; a contratação imediata de professores — especialmente nas EMEIs —; a reestruturação da carreira; a redução do número de alunos por sala; a ampliação do tempo de planejamento; e a paridade nos reajustes para os aposentados. A categoria, representada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-REDE/BH), também aprovou um calendário de mobilizações para pressionar o Executivo.
Segundo a Prefeitura de BH (PBH), o índice de 2,49% recompõe toda a inflação acumulada entre janeiro e abril de 2025. O percentual não considera a inflação de 2024, o que é justificado com a alegação de que, no ano ado, foi concedido um reajuste de 8,04% — valor superior à inflação registrada no mesmo período (4,77%). “Assim, toda a inflação de 2024 já foi incorporada, e ainda houve ganho real”, argumenta a prefeitura.
O Executivo justifica ainda que o reajuste de 2,49% representa o limite orçamentário para despesas dessa natureza e garante "a sustentabilidade financeira do Município". O impacto anual do reajuste proposto com o aumento do vale-refeição para R$60 e outras demandas especificas seria de R$ 493 milhões, sendo R$ 156 milhões somente para a Educação.
"O índice de correção, conforme o INPC, será aplicado de forma retroativa a maio e contemplará tanto os servidores ativos, quanto os aposentados e pensionistas. A recomposição incidirá sobre os salários, vencimentos, gratificações, abonos e benefícios", afirmou a PBH.
Assembleia na quarta-feira poderá decidir futuro da greve
A próxima assembleia geral dos trabalhadores está marcada para a próxima quarta-feira (11 de junho), às 9h, sem previsão de retorno às aulas até lá. Atos públicos, reuniões e mobilizações nas regionais estão programados ao longo dos próximos dias.
O que mais diz a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH)?
"A Prefeitura de Belo Horizonte reconhece a importância dos profissionais da Educação e a necessidade constante de valorização e destaca que 100% dos profissionais do magistério da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte recebem salários acima do piso nacional. O salário médio de um professor de ensino fundamental que trabalha, por exemplo, nos turnos da manhã e tarde é de mais de R$ 13 mil.
Somente no comparativo entre março de 2022 e março de 2025, o aumento médio na remuneração dos professores da Educação Infantil foi de 91,4%, e o dos professores do Ensino Fundamental, de 69,7% – médias significativamente superiores à inflação do período, medida pelo INPC, que foi de 15,47%.
Contudo, todas as concessões devem ocorrer de maneira responsável, equilibrando as necessidades de diferentes setores para garantir a sustentabilidade financeira do Município. Com essa premissa, a Prefeitura informa que o índice de reajuste 2,49% representa o limite orçamentário para despesas dessa natureza e qualquer outra proposta extrapola as finanças municipais.
O Município sempre esteve aberto ao diálogo e realizou, de janeiro de 2025 até agora, 32 reuniões somente com o sindicato que representa a Educação para avanços nas pautas específicas e resolução de outras demandas da categoria."