Belo Horizonte enfrenta diariamente um grande desafio: o congestionamento no trânsito. Com ruas cada vez mais abarrotadas de veículos, a mobilidade urbana se torna um verdadeiro teste de paciência para motoristas e ageiros. Mas é no transporte público que os reflexos desse problema são mais evidentes: sem prioridade no tráfego, os ônibus acabam presos nos engarrafamentos, comprometendo a agilidade e a eficiência do serviço. Isso afeta diretamente a rotina de milhares de trabalhadores, estudantes e cidadãos que dependem dos ônibus para se locomover.
BH: mais carros que habitantes
A capital mineira enfrenta um desafio estrutural de mobilidade: o crescimento acelerado da frota de veículos. Dados da Secretaria Nacional de Trânsito (SENATRAN) indicam que, em 2024, Belo Horizonte atingiu a marca de 2.688.250 veículos registrados — um número que já supera a população estimada pelo IBGE, de 2.416.339 habitantes. Isso significa que há mais veículos do que pessoas na cidade, com uma relação de aproximadamente 1,11 veículos por habitante.
O aumento contínuo da frota compromete a fluidez do trânsito, intensifica os congestionamentos e impacta diretamente a eficiência do transporte coletivo, já que os ônibus compartilham as mesmas vias congestionadas. Se essa tendência persistir, é provável que, até o final de 2025, o número de veículos ultrae 2,7 milhões, agravando ainda mais os desafios da mobilidade urbana em Belo Horizonte.
O impacto no transporte coletivo
Um dos maiores desafios do setor é manter a pontualidade dos ônibus diante do trânsito cada vez mais caótico. Atualmente, os ônibus de Belo Horizonte realizam cerca de 24 mil viagens diárias, transportando aproximadamente 970 mil ageiros. Apesar do índice de cumprimento dessas viagens chegar a 96%, as empresas têm percebido, nos últimos anos, uma queda na velocidade operacional. Em alguns momentos do dia, há trechos onde os ônibus chegam a operar a apenas 7 km/h.
O Presidente do Conselho de istração do SetraBH, Robson Lessa, destaca os diversos desafios enfrentados pelo sistema de transporte na capital mineira, como congestionamentos, falta de infraestrutura adequada e imprevistos diários, que afetam a pontualidade e eficiência dos serviços. "O trânsito reduz a velocidade do ônibus nas vias, especialmente nos horários de pico, contribuindo para afastar os ageiros, que acabam buscando alternativas individuais e contribuindo ainda mais para o problema", explica.
Para minimizar os impactos, as empresas de ônibus investem no monitoramento das rotas e na otimização dos horários de pico. Além disso, sistemas de monitoramento em tempo real permitem que os ageiros acompanhem a localização dos veículos, ajudando a prever os horários de chegada com maior precisão.
Soluções: investimento no transporte público e faixas exclusivas
Apesar da complexidade do problema, há soluções viáveis para melhorar a mobilidade em Belo Horizonte. O SetraBH defende que um esforço conjunto entre o poder público e a iniciativa privada pode otimizar o sistema de transporte coletivo. Investimentos em tecnologias que aprimorem o tráfego, como semáforos inteligentes e ampliação das faixas exclusivas para ônibus, são medidas essenciais para garantir um deslocamento mais eficiente.
A experiência de Belo Horizonte com a implantação de faixas exclusivas e corredores de BRT (Bus Rapid Transit) já mostrou que priorizar o transporte coletivo é uma solução eficaz para melhorar a mobilidade. A criação de corredores nas avenidas Antônio Carlos e Cristiano Machado e a faixa exclusiva na avenida Pedro II trouxeram ganhos significativos, reduzindo o tempo de viagem em até 30% na Antônio Carlos, por exemplo.
A ampliação dessas faixas pode ser uma solução viável e de custo relativamente baixo para otimizar a mobilidade urbana. Isso melhora a velocidade dos ônibus, reduz custos operacionais e impacta positivamente a qualidade do serviço, incentivando mais pessoas a utilizarem o transporte público.
Superar os desafios da mobilidade urbana exige um compromisso coletivo. Investir no transporte público não é apenas uma questão de conveniência para os usuários, mas uma necessidade urgente para toda a cidade.
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