TIRADENTES, MG. Arroz com feijão, bife com batata frita, pipoca com guaraná _ certas combinações são tão clássicas que o paladar reconhece antes mesmo da primeira garfada. No universo dos queijos, o par mais famoso talvez seja o vinho. Mas a harmonização vai muito além. Cervejas artesanais e coquetéis ganham protagonismo ao lado dos queijos produzidos em Minas Gerais, criando experiências sensoriais inesperadas e surpreendentes.

“A busca por novos sabores está em alta. As pessoas estão mais abertas, perdendo o medo do ‘mofo’, entendendo os processos de maturação e se permitindo provar, por exemplo, um queijo azul”, afirma Marina Cavechia, mestre queijeira e consultora da Campo Lindo, marca mineira especializada em queijos artesanais, produzida em  São Vicente de Minas (MG) desde 1944.

Fortes unidos

Dois ingredientes "fortes" também podem ser unidos quando o assunto é harmonizar queijos com bebidas alcoólicas. "A regra básica de harmonização segue para qualquer dupla: a gente tem que respeitar as intensidades de cada personagem. Geralmente, não vou colocar um vinho muito encorpado com um queijo muito suave. Mesma coisa com cerveja", completou. E por quê? Se isso fosse feito, um elemento poderia "apagar" o outro.


"Eles devem ser complementares enfatizando qualidades ou até mesmo criando um terceiro sabor. Um queijo cremoso, com 'mofinhos' brancos, normalmente vai muito bem com bebidas refrescantes, pois limpa o paladar para aquilo ali. Já queijos mais velhos, com mais complexidade, pedem uma bebida mais complexa: uma cerveja Dubbel (belga, com coloração âmbar-escura e nuances de cobre)", diz.


Harmonizações

  • Queijos leves, cremosos (mais umidade) e jovens vão muito bem com cervejas suaves, cítricas e refrescantes.

  • Queijos de mofo branco recebem muito bem cervejas do estilo sour (ácidas ou até azedas), além de espumantes e drinks mais borbulhantes.

  • Queijos tipo gouda e tipo Suíço combinam com cervejas com mais malte, como é o caso das Amber Ale (cor avermelhada, vindo de maltes tostados); Extra Special Bitter (ESB), que são mais amargas e mais alcoólicas; e até um Bock (cerveja tipicamente escura).
Produzido em São Vicente de Minas, no sul de Minas Gerais, o queijo Campo Lindo  foi fundado pelo imigrante dinamarquês Paul Bartholdy, em 1944. Foto:  Paulo Filho/divulgação

E o vinho?

  • Queijos com mais tempo de maturação (6 a 12 meses) possuem mais gordura, que é um elemento que segura a potência do tanino (substância que representam a sensação de adstringência no paladar). Assim, tintos mais encorpados precisam de queijos mais complexos. 

  • Queijos "no meio do caminho", maturados por 40 a 60 dias, como é o caso do queijo tipo Gouda e tipo Suíço combinam com vinho tinto leve (de preferência, com uva syrah).


Dica de ouro

"É preciso ser divertido! Algumas sugestões dizem que algo vai bem com outra peça. No entanto, o teste é seu. Você pode ser o maior especialista, mas tem que testar antes. Tem que ser gostoso, prazeroso", declarou a mestre queijeira.

 

Festival Vinho e Jazz Tiradentes tem bebidas mineiras 

Além da presença já consagrada no calendário de cinema brasileiro, a charmosíssima Tiradentes, no Campo das Vertentes (distante 190 km de Belo Horizonte), também é palco da apreciação de vinhos, música e gastronomia. Nos fins de semana entre 30 de maio e 8 de junho, foi realizada a 13ª edição anual do Festival Vinho e Jazz Tiradentes.


O evento, que atraiu cerca de 15 mil pessoas nos dois fins de semana, contou com mais de 20 atrações culturais, além de estandes de renomadas vinícolas (sete delas mineiras, inclusive), como Maria Maria, Casa Geraldo e Estrada Real, e oito sessões de degustações e jantares harmonizados por Campo Lindo, marca mineira referência na produção de queijos desde 1944, incluindo jantares no restaurante Tragaluz, sob comando do chef Felipe Rameh.

O evento contou com mais de 20 atrações culturais, além de estandes de renomadas vinícolas (sete delas mineiras, inclusive), como Maria Maria, Casa Geraldo e Estrada Real. Foto:  Paulo Filho/divulgação

"Você vai à França, você não toma vinho italiano. Toma vinho francês. No festival, a gente quer mostrar que a gente tem o terroir, tem o produto de qualidade", defendeu Alexandre Minardi da Cruz, coordenador e proprietário do festival desde 2020. Ele também celebrou os resultados de mais uma edição da festa. "A gente potencializa a economia da cidade, trazendo gente para hospedagens e restaurantes. Tivemos 85% de ocupação das hospedagens, o que não é normal em fim de semana que não é de feriado", disse.

 

*O repórter viajou para Tiradentes a convite da marca Campo Lindo