O ano de 2025 teve o segundo mês de maio mais quente já registrado na história, segundo o observatório Copernicus, da União Europeia. A temperatura média do ar em todo o planeta foi calculada em 15,79°C, apenas 0,12°C abaixo do recorde de 2024 para maio. Áreas da Antártida, do Canadá, da Rússia e do Oriente Médio documentaram os maiores aumentos.

Em comparação com o período pré-industrial (a média de 1850 a 1900), maio ado foi 1,4°C mais quente. É o primeiro dos últimos 22 meses com temperatura abaixo do limite do aquecimento global considerado seguro pela comunidade científica, de 1,5°C.

"Maio de 2025 quebra uma sequência sem precedentes de meses com mais de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Embora isso possa oferecer um breve alívio para o planeta, é esperado que o limite de 1,5°C seja excedido novamente em um futuro próximo devido ao contínuo aquecimento do sistema climático", afirma Carlo Buontempo, diretor do Copernicus.

O relatório divulgado na noite desta terça-feira (10) anuncia que o último mês foi 0,53°C mais quente que a média para o período de 1991 a 2020. De acordo com Paulo Artaxo, membro do IPCC, científico intergovernamental das Nações Unidas para o clima, o dado aponta para uma aceleração das mudanças climáticas.

"O aumento médio na temperatura global desde a época pré-industrial foi de 1,55°C. Ou seja, somente nos últimos 25 anos, ocorreu um terço de todo o aquecimento nos últimos 150 anos", diz.

Para Artaxo, o rompimento na sequência de meses acima do limiar de 1,5°C deve ser observado com cautela, já que séries históricas mais longas são necessárias para avaliar a tendência.

Segundo o Copernicus, o período de junho de 2024 a maio de 2025 foi 1,57°C mais quente que a média na época anterior à industrialização. As águas da porção nordeste do oceano Atlântico, que banham a Europa ocidental, registraram a segunda maior temperatura da história para maio: 20,79°C, superada apenas por 2024.

Regiões do Reino Unido, da Alemanha, da Suécia e da Dinamarca aram pela maior seca e a menor umidade do solo em maio desde 1979. Rússia, Ucrânia e Turquia também tiveram chuvas abaixo do esperado. A persistência da seca levou ao menor fluxo de água nos rios europeus durante a primavera já verificado desde o início das medições, em 1992.

O período de março a maio de 2025 foi marcado por secas acima da média na América do Sul, na Europa central, na maior parte da América do Norte e na Ásia central.

O oeste da Antártida teve temperaturas acima do esperado para o mês, em relação à média de 1991 a 2020, enquanto a porção leste teve redução. A extensão do manto de gelo do continente foi 9% abaixo da média, sendo o quinto menor valor já registrado em maio. No Ártico, a extensão de gelo foi 2% inferior ao esperado, a nona menor medição para o mês nos 47 anos de monitoramento por satélite.