Um novo paradigma de tratamento para o câncer de próstata localizado foi apresentado após mais de duas décadas sem avanços significativos. A abordagem combina a terapia genética experimental CAN‑2409 com o antiviral valaciclovir, em associação à radioterapia padrão, mostrando redução expressiva no risco de recidiva ou morte em pacientes com doença de risco intermediário a alto.
Estudo marca a primeira mudança em 20 anos no tratamento localizado
O estudo clínico de fase 3, divulgado no American Society of Clinical Oncology 2025, demonstrou que a nova estratégia terapêutica reduziu o risco de recorrência ou morte em cerca de 30%, em comparação com o tratamento tradicional apenas com radioterapia. Os dados animaram oncologistas que lidam com casos em estágio localizado, onde ainda havia limitações terapêuticas claras.
Como funciona o CAN‑2409?
O CAN‑2409 é um vetor viral não replicante projetado para ser injetado diretamente na próstata. Uma vez ativado pelo valaciclovir, o medicamento desencadeia uma resposta imunológica local, capaz de atacar células tumorais de forma mais seletiva. Essa combinação se mostrou eficaz em potencializar os efeitos da radioterapia sem aumentar efeitos adversos severos.
Resultados e impacto clínico
A taxa de sobrevida livre de progressão bioquímica foi significativamente maior no grupo que recebeu a terapia combinada, com 81% dos pacientes sem sinais de recidiva após dois anos, contra 67% no grupo de controle. Os efeitos colaterais foram majoritariamente leves a moderados, incluindo fadiga e sintomas urinários transitórios.
Possível aprovação e próximos os
Com base nos resultados, especialistas acreditam que a combinação CAN‑2409 + valaciclovir pode se tornar parte do protocolo clínico nos próximos anos. A farmacêutica responsável já protocolou pedido de aprovação junto à agência reguladora dos Estados Unidos, com expectativa de resposta até 2026.
O que dizem os especialistas
“Esse é um avanço real após décadas de estagnação na abordagem do câncer de próstata localizado”, afirmou um dos líderes do estudo. “A terapia ativa o sistema imune do próprio paciente, abrindo caminho para tratamentos menos agressivos e mais personalizados.”
Aplicação além do câncer de próstata
Pesquisas adicionais já estão em andamento para testar o CAN‑2409 em outros tumores sólidos, como bexiga e pulmão, com o mesmo princípio de ativação imune local. O conceito, segundo cientistas, é mimetizar os benefícios da imunoterapia sem os efeitos sistêmicos típicos de medicamentos intravenosos.