O dólar está em alta nesta sexta-feira (13/6) em reação à escalada de tensões no Oriente Médio, após Israel atacar o Irã na véspera. O movimento acompanha o exterior, com investidores fugindo de ativos de risco. Às 11h16, a moeda dos Estados Unidos subia 0,23%, cotada a R$ 5,555. Já a Bolsa caía 0,78%, a 136.719 pontos, mesmo com a disparada das ações da Petrobras agindo como contra-peso às demais quedas do índice.

Israel voltou a atacar o Irã depois que negociações nucleares entre Teerã e os EUA fracassaram. Tel Aviv já havia dito que não permitiria que o país persa, seu inimigo histórico, adquirisse uma bomba atômica, algo que parece próximo de ser capaz de fazer.

De acordo com os militares israelenses, dezenas de alvos foram atacados no Irã. Os alvos da primeira leva foram concentrados em Teerã, onde boa parte da cadeia de comando militar iraniana foi morta, e instalações do programa nuclear do país, inclusive o reator principal em Natanz. Segundo a mídia iraniana, 78 civis morreram na capital, que também registrou 329 feridos.

"Esse é um momento decisivo na história de Israel", disse o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu em pronunciamento. "Momentos atrás, lançamos a operação 'Leão em Ascensão', que tem o objetivo de combater a ameaça iraniana à sobrevivência de Israel. Nossos pilotos estão atacando uma série de alvos, e essa ação vai durar por quantos dias for necessário", disse o premiê.

"Essa operação vai prejudicar a infraestrutura nuclear do Irã e suas capacidades militares", prosseguiu Netanyahu. "Atacamos o coração do programa de enriquecimento de urânio [de Teerã]."

O Irã prometeu uma resposta dura. O Exército afirmou que "não terá limites" em sua resposta a Israel, e o líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, disse que "o regime sionista impôs a si mesmo um destino amargo e doloroso".

Khamenei, evitando a letargia que atingiu o Hamas e o Hezbollah quando tiveram suas cúpulas decapitadas por Israel, na esteira do mortífero ataque do grupo terrorista palestino em 7 de outubro de 2023, já nomeou novos chefes militares.

O chanceler iraniano, Abbas Araghchi, classificou o ataque israelense como uma "declaração de guerra" em mensagem ao Conselho de Segurança da ONU. Em retaliação, Tel Aviv lançou uma segunda leva de ataques aéreos, desta vez conta instalações militares em Tabriz, Shiraz, Khorramabad e outros pontos. O Irã, por sua vez, disparou drones contra o Estado judeu.

Sem emprego aparente de mísseis balísticos, que causaram bastante impressão no ataque direto a Israel em outubro ado, a retaliação com drones parece ter sido apenas um sinal da liderança da teocracia de que não está iva ante a violência do bombardeio.

Não houve danos registrados ainda em Israel, e boa parte dos drones pode ter sido abatida pela Jordânia, que afirmou ter acionado defesas aéreas para evitar danos às suas cidades. O ataque ocorreu em meio a esforços dos Estados Unidos de negociar um acordo com o Irã sobre o programa nuclear iraniano e dias antes de uma sexta rodada de negociações entre os dois países. Até o momento, as discussões não têm tido resultados positivos.

O presidente dos EUA, Donald Trump, pediu ao Irã que faça um acordo, dizendo que ainda há tempo para o país evitar mais conflito com Israel. "Já houve grande morte e destruição, mas ainda há tempo para que esse massacre, com os próximos ataques já planejados sendo ainda mais brutais, chegue ao fim", disse Trump em publicação no Truth Social.

A escalada das tensões na região levanta tanto a perspectiva de uma guerra total como de envolvimento dos EUA no conflito, o que provocava a fuga de ativos de risco nesta sessão, com perdas em ações e moedas mais arriscadas.

"Essa sexta-feira promete ser uma sessão de forte aversão a ativos mais arriscados em face do ataque de Israel ao Irã. Deve prevalecer a busca por moedas ditas como portos seguros", afirma Marcio Riauba, head da mesa de operações da StoneX Banco de Câmbio. O índice DXY -que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas fortes- subia 0,45%, a 98,31 pontos.

O petróleo, por sua vez, chegou a subir quase 9% após os ataques iniciais. Às 11h, o Brent avançava 6,7%, cotado a US$ 74, e o WTI, 6,98%, a US$ 72,78.

As preocupações estão voltadas a um possível choque de oferta. A National Iranian Oil Refining and Distribution Company disse que as instalações de refino e armazenamento de petróleo não foram danificadas e continuaram a operar.

Os últimos acontecimentos também não afetaram o Estreito de Ormuz, outra fonte de preocupação, segundo o analista da SEB, Ole Hvalbye. A via navegável já havia corrido o risco de ser afetada pelo aumento do conflito regional, mas até o momento não foi afetada, disse Hvalbye.

No Brasil, isso se reflete no desempenho da Petrobras na Bolsa. A companhia abriu em disparada de mais de 4% e o avanço desacelerou ao longo da manhã. Os papéis preferenciais e ordinários subiam 2,17% e 2,56%, respectivamente, cotados a R$ 32,44 e R$ 35,14.