Após o tom eleitoral adotado pelo senador e pré-candidato ao governo de Minas Gerais Rodrigo Pacheco (PSD) em seu discurso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta quinta-feira (12 de junho), que deixará o Estado com a certeza de já ter um governador para 2026. O presidente dividiu um evento do Ministério da Agricultura e Pecuária com Pacheco na sede das Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (CeasaMinas), em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte.
A declaração foi dada por Lula já no fim da cerimônia de entrega de 318 máquinas agrícolas a prefeituras por meio do Programa Nacional de Modernização e Apóio à Produção Agrícola (Promaq). “Vou dizer para vocês: se eu tinha alguma dúvida de um cara que pode ser governador, saio daqui com a certeza de que nós já temos governador para Minas Gerais”, ressaltou o presidente da República.
Embora Lula já tenha manifestado publicamente o desejo de ter Pacheco como candidato em Minas, o senador ainda se mostrava reticente. Como mostrou O TEMPO no último mês de março, a indecisão do ex-presidente do Congresso Nacional, que chegou a recusar um ministério no governo Lula, preocupava partidos aliados. Até então, a avaliação era de que a indefinição poderia atrapalhar os planos da centro-esquerda no Estado.
Antes de sugerir que a pré-candidatura de Pacheco ao Palácio Tiradentes é certa, Lula voltou a afirmar que o senador seria, “publicamente, a maior personalidade de Minas hoje”. “Ontem, eu disse para o Pacheco: é o seguinte, cara, chega uma hora que a gente não faz mais o que a gente quer. Chega uma hora que a gente é empurrado pela causa. Depois desse governador, que não vou falar o nome, esse Estado não merece um Nikolas (Ferreira, deputado federal) ou um Cleitinho (senador)”, criticou.
Apesar de ter criticado o governador Romeu Zema (Novo), o presidente se referiu aos mineiros como “o povo mais sabido politicamente”. “Quando você pensa que o mineiro está dormindo, ele está tramando. Quando você pensa que ele está tramando, ele está executando, e quando você pensa que ele vai anunciar, ele já fez. Minas é um Estado muito privilegiado. (...) Então, esse Estado aqui merece respeito e não pode ser tratado como pequeno”, afirmou Lula.
Em discurso de aproximadamente 30 minutos na CeasaMinas, cujo presidente, Hideraldo Henrique, foi indicado por ele mesmo ao governo Lula, Pacheco elogiou Lula, fez críticas veladas a Zema e defendeu a reconstrução do Estado em um tom de candidato ao governo de Minas. O senador chegou a afirmar que Minas, que, pontuou ele, deu ao país Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves e Itamar Franco, não pode se contentar com “política feita por videomaker, Tik Tok e redes sociais”.
Único parlamentar fora Pacheco a discursar, o deputado federal Paulo Guedes (PT) também fez coro à pré-candidatura dele ao governo. De acordo com Guedes, quando o senador foi presidente do Senado, todos os prefeitos eram atendidos. “Não existe um único município de Minas Gerais que não foi atendido pelo senador Rodrigo Pacheco”, apontou o deputado federal, diante de uma audiência formada majoritariamente por prefeitos.
Além de Guedes, o ministro do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, foi outro a afagar o senador, que, segundo ele, foi “garantidor da democracia brasileira” quando presidiu o Congresso Nacional. “Quando cheguei, soube que saiu a primeira pesquisa de opinião sobre Pacheco. Parece que o povo quer…”, disse Teixeira, em referência aos gritos pelo nome do senador quando ele foi anunciado pelo cerimonial.