BRASÍLIA - O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), discursou, neste sábado, 7 de setembro, em atos que reúnem aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pedem, por exemplo, a anistia de presos pelos atos de 8 de janeiro e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O ex-ministro de Bolsonaro disse em sua fala sentir saudade do governo do ex-presidente e defendeu anistia para os presos pelos atos de 8 de janeiro. “Hoje estamos aqui, de novo na arena, de novo por uma devoção, por uma causa. Estamos aqui para fazer a diferença: e a nossa causa hoje é a liberdade, é a anistia para aqueles apenados de forma desproporcional".

"Anistia é um remédio político. O Congresso pode nos dar esse remédio político. Nós merecemos isso", disse. O governador paulista, no entanto, não citou o magistrado em seu discurso. Ele falou de forma ampla sobre a importância de preservar “aquilo que é mais caro para nós, a liberdade". Em seguida, ao finalizar seu discurso, Tarcísio puxou um coro de "volta, Bolsonaro".

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) declarou Bolsonaro inelegível até 2030 em duas decisões do ano ado. A primeira, em junho de 2023, foi por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, relacionado a uma reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, em julho de 2022, na qual questionou as urnas eletrônicas e a segurança do processo eleitoral.

A segunda decisão, em outubro de 2023, declarou-o inelegível por abuso de poder político e econômico durante as comemorações do Bicentenário da Independência, realizadas em 7 de setembro de 2022 em Brasília e no Rio de Janeiro. A decisão também vale até 2030.

Eduardo Bolsonaro chama Moraes de 'psicopata' 

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) foi quem iniciou os discursos no ato de 7 de Setembro. O filho do ex-presidente chamou Moraes de "psicopata" ao mencionar decisões do ministro relacionadas aos presos do 8 de janeiro. 

"Um psicopata é capaz de colocar velinhas em uma cadeia por anos por capricho pessoal. Um psicopata é capaz de separar uma mãe de seus dois filhos", disse o deputado, acrescentando ainda que Moraes tinha um plano de colocá-lo na cadeia.

O filho 03 de Bolsonaro ainda endossou o pedido de impeachment contra Moraes cobrando do presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a dar andamento ao pedido. “Prezado presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, preste atenção nas minhas palavras: preferimos as lágrimas da derrota à vergonha de não ter lutado”, completou.

Nikolas chama Moraes de ‘tirano’ e 'criminoso'

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) se referiu ao ministro Alexandre de Moraes como um “tirano” e “criminoso” durante seu discurso. O mineiro também chamou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de “covarde”, por não pautar o impeachment de Moraes. 

“Os homens do ado teriam vergonha de você, Pacheco. Os homens do presente sentem vergonha de você, Pacheco. E nós assegurarmos que os homens do futuro também sintam vergonha de você, Pacheco. Paute o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, seu covarde”.

Em seu discurso, o parlamentar ainda pediu anistia aos presos pelos atos de 8 de janeiro. Além disso, afirmou que o apoio da bancada do PL ao candidato que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), escolher como sucessor estará condicionado à inclusão do projeto de Lei da Anistia na pauta do plenário. O partido conta com 92 deputados na Casa.

Atos do 7 de Setembro pedem impeachment de Moraes

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro reúnem-se, neste sábado, na Avenida Paulista, em São Paulo em uma manifestação que tem como alvo o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

As manifestações foram convocadas no mês ado, após a publicação de mensagens de assessores de Moraes que mostraram que o ministro usou aparato do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), fora do rito tradicional de pedido de serviços, para embasar decisões contra aliados do ex-presidente. 

O protesto ganhou mais força depois da decisão do juiz de suspender a rede social X do bilionário Elon Musk no Brasil. A medida foi tomada após a empresa descumprir uma determinação de Moraes para indicar um representante legal no país, conforme previsto na legislação.

Em um carro de som, Bolsonaro participa ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e de seu filho Eduardo Bolsonaro. Também estão presentes no caminhão o pastor Silas Malafaia e parlamentares como os senadores Magno Malta (PL-ES) e Marcos Pontes (PL-SP), além dos deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG), Mario Frias (PL-SP) e Ricardo Sales (Novo-SP).

Pela manhã, o ex-presidente esteve em um hospital na capital paulista após sentir-se mal devido a uma gripe que o deixou sem voz, segundo seus assessores. Ele apresentou sintomas após retornar a São Paulo, depois cumprir uma série de compromissos em Minas Gerais.

Ainda na sexta-feira (6), ele participou de um comício em Juiz de Fora, na Zona da Mata, e focou seu discurso em críticas ao Supremo e ao ministro Alexandre de Moraes.

"Iremos lá comemorar a independência porque não existe país independente com seu povo sem liberdade. Vamos desafiar o sistema que comecei a abrir suas vísceras há 6 anos. Nós mostramos para o Brasil o que é o STF. Aquele ministro do STF [Alexandre de Moraes] não dá mais, ele age como um obcecado para perseguir a minha pessoa”, discursou Bolsonaro.