Imagina você se planejar para ter lembranças da festa de 15 anos, realizar ensaios antes do evento, fazer fotos e vídeos no dia, mas nunca ver os registros. Foi isso que aconteceu com pelo menos dez vítimas de uma fotógrafa de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, que atuava na Grande BH.
Os casos fizeram com que a Polícia Civil abrisse uma investigação contra a suspeita, que estaria agindo desde 2022. Na manhã desta quinta-feira (12), policias da Delegacia Especializada de Direito do Consumidor cumpriram mandados de busca e apreensão na casa dela, de um editor de vídeo que trabalhava com a suspeita e de uma secretária deles. Celulares e HDs de computadores foram apreendidos, mas a fotógrafa não foi localizada.
A delegada Elyenni Celida, da Delegacia Especializada em Direitos do Consumidor, explicou que as vítimas localizadas até o momento eram sempre pessoas que haviam contratado a profissional para ensaios e bailes de debutantes.
Uma fotógrafa, com mais de 120 mil seguidores nas redes sociais e que agia na Grande BH, está sendo investigada por não cumprir contratos firmados para realizar o trabalho de ensaio fotográfico de debutantes. A Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão nesta… pic.twitter.com/tBpJriSHKJ
— O Tempo (@otempo) June 12, 2025
"Ela tinha mais de 120 mil seguidores nas redes sociais, então os interessados sentiam confiança. Ela também colocava fotos de trabalhos, o que reforçava uma suposta integridade. Além disso, algumas pessoas que já tinham contratado o serviço e estavam esperando a entrega do material indicavam o trabalho, mas no fim todos se tornavam vítimas", afirmou.
Siga o Instagram do Super Notícia
Como agia
As vítimas relataram aos investigadores que após contratarem os serviços da fotógrafa, ela chegava a ir aos eventos, fazia as imagens, mas não entregava fotos e filmagens, ou então o material era enviado sem a devida edição e tratamento. As investigações apontam que, para ludibriar as pessoas, ela inventava diversas desculpas.
“As desculpas eram variadas, falava que estava em depressão, algum familiar doente, editor não conseguiu fazer o tratamento do material. Muitas famílias pediam para ver o material sem a edição e eles se recusavam. Depois de tanto serem enroladas e verem que ela estava fora do país fazendo outros trabalhos, percebiam que tinham caído em um golpe”, explicou Elyenni.
Segundo a polícia, a mulher começou a agir em 2022, mas foi a partir de 2023 que ou a intensificar os golpes. Cerca de dez vítimas, representadas por um advogado, procuraram a Polícia Civil, mas estima-se que esse número seja maior. Os serviços prestados custavam entre R$ 5.000 e R$ 15 mil.
“Uma das vítimas nos relatou que aquela festa de 15 anos era o último registro que teria com o avô, mas nunca recebeu. Além da perda financeira, ficou também o prejuízo emocional para essas pessoas. Outra família disse que a filha estava com depressão. Com muito esforço e ajuda de amigos e familiares, conseguiram juntar dinheiro para dar uma alegria para a filha. Depois de sofrerem o golpe, a adolescente ficou com a saúde mental ainda mais debilitada", disse Elyenni.
Mandados
Na operação desta quinta-feira, a Polícia Civil também cumpriu os mandados nas residências do editor de vídeo e da auxiliar de escritório que trabalhavam com ela, mas apenas o editor foi encontrado e está colaborando com as investigações. A fotógrafa e a outra profissional estão sendo procuradas.
A Polícia Civil conseguiu apreender alguns materiais, como HDs e telefones celulares, e irá tentar restituir possíveis conteúdos para as vítimas da golpista.
Se você foi vítima deste golpe, a Polícia Civil orienta para que procure a Delegacia Especializada em Direitos do Consumidor.
"Ter seguidores em redes sociais, não quer dizer que a pessoa tem credibilidade. É preciso verificar bem, procurar indicações, para ter certeza que o trabalho que está sendo contratado é de confiança", concluiu a delegada.