BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a cobrar neste domingo (8) que países ricos financiem ações de proteção ao meio ambiente, durante discurso no Fórum de Economia e Finanças Azuis, em Mônaco. O petista afirmou que os oceanos não "recebem o devido reconhecimento do que nos proporcionam".

"Em 2024, países ricos reduziram em 7% a Assistência Oficial ao Desenvolvimento. Suas despesas militares, em contrapartida, cresceram 9,4%. Isso mostra que não falta dinheiro. O que falta é disposição e compromisso político para financiar", afirmou.

Segundo ele, o déficit de recursos, que pode chegar a cerca de US$ 150 bilhões por ano, é um "problema crônico de várias iniciativas". Lula defendeu que não há "saída isolada" para a conservação dos recursos marinhos e é preciso aumentar os "compromissos financeiros com o oceano".

"Na presidência brasileira do G20, fizemos do oceano uma de nossas prioridades. As instituições financeiras internacionais têm um papel central a cumprir. Insistimos na necessidade de contar com bancos multilaterais melhores, maiores e mais eficazes. Instrumentos como a troca de dívida por desenvolvimento e a emissão de direitos especiais de saque podem mobilizar recursos valiosos. É urgente desburocratizar o o a fundos climáticos", destacou. 

"No Brasil, quando queremos mobilizar esforços em torno de um objetivo comum, utilizamos uma palavra de origem indígena chamada 'mutirão'. Esse fórum renova a convocatória para o aumento dos compromissos financeiros com o oceano. O planeta não aguenta mais promessas não cumpridas. Não há saída isolada para os desafios que requerem ação coletiva. Ou nós agimos, ou o planeta corre risco", declarou Lula.
 
O presidente Lula viajou à França na última terça-feira (3), onde cumprirá agendas até esta segunda-feira (9). Ele teve vários encontros com o presidente francês, Emmanuel Macron. O principal tema foi o acordo do Mercosul com a União Europeia, medida que vai facilitar exportações entre os dois blocos, e se torna mais importante neste momento em que os Estados Unidos adotam medidas protecionistas e elevam as taxações a produtos estrangeiros. 

O petista ainda participará, em Nice, no sul da França, do 3º Fórum dos Oceanos da ONU, tido como um evento preparatório para a COP30, que ocorre em novembro, em Belém (PA). Ele também visitará a Interpol em Lyon, que atualmente é comandada pelo brasileiro Valdecy Urquiza, delegado da Polícia Federal.