Após a operação deflagrada na última sexta-feira (6) pela Polícia Civil, que cumpriu cinco mandados de busca e apreensão contra uma quadrilha suspeita de realizar um sofisticado esquema de fraudes tributárias contra empresas em Minas Gerais e outros estados, o número de vítimas que procurou a corporação aumentou consideravelmente.
Três empresas do Distrito Federal e outras três de Minas Gerais acionaram a Polícia Civil e denunciaram serem vítimas do golpe, que teria causado um prejuízo milionário a pelo menos 15 empresas, conforme a Polícia Civil. Uma dessas vítimas, que pediu para não ser identificada e pediu para que o ramo de atuação não fosse publicado, também procurou reportagem do Super Notícia e contou como acabou caindo no esquema.
A empresária disse que conheceu o advogado apontado pela Polícia Civil como o responsável pelo golpe por meio de contatos profissionais. "Ele tinha conexão e networking com diversas empresas de outros ramos, como investimentos e escritórios de advocacia. Ele fazia uma análise de crédito e informava que a empresa tinha créditos para abater em tributos futuros, mas na verdade não existiam. Ele fazia essa compensação e gerava a guia do tributo com o desconto. Quando o cliente pagava, a guia estava errada, só que isso não é indicado na hora. Só depois de muito tempo, às vezes um a dois anos, que o órgão competente completava a análise e autuava as empresas pela falta de pagamento, mas com cobrança de juros muito altos. Só que ele já tinha recebido os honorários pelo serviço prestado", explicou.
A vítima ainda contou que o suspeito se apresentava bastante preparado e com muito conhecimento sobre leis, artigos e outros termos que envolviam as questões tributárias, o que ava uma credibilidade.
"Ele também tinha um estilo de vida muito milionário. Viagens para o exterior, hoteis de luxo, restaurantes caros. Tudo isso era mostrado em redes sociais. Ele era muito disponível. Você fazia contatos para verificar sobre disponibilidade de crédito e ele respondia na hora, explicava. Mas quando era feito algum outro questionamento, para conseguir outras informações mais detalhadas, falava que estava viajando e se esquivava das perguntas", relata.
Além dos mandados de busca e apreensão, a Justiça determinou o sequestro de bens e valores do advogado, que atingem cerca de R$ 13 milhões. Mas para as vítimas, esse valor não condiz com a realidade.
"O que comentam, é que por mais que tenha tido essa operação que bloqueou R$ 13 milhões, todos os clientes que foram vítimas entendem que ele tem muito mais. Ele prestava serviços em muitos outros estados. A gente tem certeza que esse valor é só a ponta do iceberg", concluiu.
Operação
O caso foi apresentado no fim da manhã de segunda-feira (9), na sede do Departamento Estadual de Combate à Corrupção e Fraudes (Deccof). Durante a operação, que foi realizada na sexta-feira (6), foram apreendidos veículos de luxo, dinheiro em espécie, aparelhos eletrônicos e ainda foi decretado o sequestro de bens, avaliados em aproximadamente R$ 13 milhões.
Segundo a Polícia Civil, o esquema ocorria desde 2022. O grupo criminoso utilizava um escritório de advocacia para atrair vítimas, oferecendo soluções fraudulentas de reestruturação financeira para empresas com débitos tributários. O golpe envolvia a simulação de créditos inexistentes, uso de documentos falsificados e a apresentação de decisões judiciais forjadas.
A PCMG identificou que o grupo operava por meio de núcleos: o jurídico, liderado pelo principal investigado, e o comercial, composto por pelo menos três pessoas, responsáveis por captar empresas - inclusive algumas sem dívidas tributárias, mas interessadas em organizar suas finanças.
O escritório tinha atuação nacional, com indícios de atividades também em cidades como Brasília, Goiânia e São Paulo.
Outro lado
A reportagem entrou em contato com o advogado apontado como o líder do grupo, mas ainda não teve um posicionamento até o fechamento desta matéria.